De roupas gastas, olhos curiosos, mãos vazias, coração cheio, cheio de uma esperança num mundo melhor... Numa roda sentada, olha atenta a porta que abre, por lá entra uma alegria trazida por aquele desconhecido, é despejada ali no meio de todos, partilhado para todos, que depressa puxam pelas cores, formas, texturas... Soltam-se sorrisos que ficam no ar perdidos, que trago agora comigo no coração, não os queria esquecer, perder, como uma lição de vida, como uma experiência simples carregada de emoção.

As últimas palavras foram "Bom Natal" será isso possível??? Será possível ser assim feliz?? Rogo que sim, alguns sim, trazem com eles a alegria inocente de ser criança, da simplicidade da vida por mais madrasta que por vezes ela seja, outras no entanto são mais "reservadas" e agora vasculho atrás da palavra o seu verdadeiro sentido, reservada ou marcada?? Reservada ou julgada, reservada ou medrosa, arrisca, marcada pela negra vida que foi obrigada a viver nos seus poucos 2 anos de "vida"...

E quanto mais perto chego mais procuro, mais me envolvo mais procuro, mais vezes quero lá regressar, mais quero falar, partilhar DAR...

Fiz o que desejei, mas enganei-me a pensar que traria de lá só um coração cheio, trouxe mais que isso, um aperto no mesmo coração cheio, nos olhos as imagens de gestos, muitos, vagos, e a vontade de lá voltar para voltar a ter aquele sorriso, para voltar a encontrar aqueles olhos "reservados"...

Cá fora, menos exposta, as lágrimas rolam no rosto e despontam a questão "Acredito em Ti, mas onde Estás que não olhas para estas crianças??  Onde Estás Deus para elas???"

6 sacos de roupa, 2 caixas de brinquedos, 3 corações cheios de amor e dádiva...

Trazemos em troca não uma merda de 40€ mas mais que isso, trazemos as mãos vazias para segurar o coração cheio e limpar as lágrimas dos olhos, e a vontade de lá voltar e oferecer uma pequena alegria aquelas crianças...