Este podia ter sido como outro qualquer... se podia, até devia... Mas não foi!
Segunda-feira, dia de trabalho, dia quente de calor, a blusa presa apenas no pescoço deixa os braços descobertos, esconde a pouca barriguinha que eu já sentia fervilhar, tinha lá um filho, poucos sabiam desse filho, só os mais chegados, mais nada, ainda era tão cedo, queria-a minha por mais alguns tempos, os tempos que a barriguinha não crescia mais e não denunciava um filho crescer dentro de nós...
Uma pequena comichão aqui e ali, normal julguei, trabalhei o dia todo num escritório sem ar condicionado, estava transpirada, sedenta de um banho fresco naquela segunda-feira que poderia ser como outra qualquer... Ainda no carro a caminho de casa, o sol batia no braço, novamente a comichão, vou lá com as unhas, um pequeno alto, eu olho, uma borbulha, eu coço, rebenta e deixa escapar uma aguadilha estranha... Até acertar no que era foi segundos... lembrei-me da festa de anos que fui à uma semana e pouco atrás, do menino com varicela, não pode ser... será??? NÃO POR FAVOR... Chego a casa assustada, nervosa, ansiosa, olho o meu corpo tapado pela roupa, eram muitas... tantas... Ligo desesperada á minha mãe, "tive varicela mãe??" do outro lado só consigo ouvir a pior noticia que a minha mãe me poderia dar, da boca dela ouço "não filha!"
Temi pelo meu sonho, chorei, rezei... em alguns dos segundos desisti de mim, dela, de nós todos como família... Iria eu sentir a dor de perder um filho que não conheci sequer???
Naquela confusão mental e emocional, ligo ao meu médico "é tudo ou nada! corre tudo bem e sem mazelas, ou corre tudo mal e perdes o bebe!"
Vou ao hospital confirmar... e nem vale a pena, as horas passam e eu cada vez fico mais marcada, no dia seguinte pareço um bicho e eu só consigo negar o meu corpo incapaz de a proteger...
Nos dias que se sucedem, a dor no coração, a confusão na cabeça e o desconforto no corpo só me deixam gritar, chorar, negar-me... é horrível o desconforto que se sente ainda para mais quando o coração não nos pode ajudar!
A partir daqui vivo a minha gravidez escondida, com medo do futuro, ansiosa e noutros dias crente e cheia de fé, e é no deambular destas emoções que sei que espero uma menina, decido encostada na parede que ladeia a porta onde fiz a eco e com as lágrimas nos olhos, que vou lutar por este sonho, é ali que a esperança renasce, é ali que prometo as minhas forças na fé, faço promessas que irei cumprir, é ali que renasço e começo a viver devagar, muito devagar começo a acreditar no tudo, tudo bem, e deixo para o lado o nada...
Hoje tenho a minha filha bela, saudável, amada e protegida nos meus braços, sou tão feliz com ela, mas este dia aviva-me o medo... Fecho-lhe a porta devagar, com educação, peço-lhe desculpa, digo-lhe que não me pode roubar o sonho, ele parte, e eu fico com ela, ela a minha filha, filha de um milagre... AMO-TE PEQUENA BEATRIZ!
Amigos dos animais
ABRA - Assoc. Bracarense Amigos dos Animais
As barriguditas e não só que gosto de visitar:
Uma vida a crescer nas nossas vidas...
Principes, Princesas e Muito Mais...
Crónicas de uma mãe atrapalhada!
Mamãe do Cris, do Guga e da "Coisa Fofa" que está na barriga
Balexandre (um Português na Dinamarca)
Informações úteis:
PinkBlue (calendário da gravidez)
ACTIVIDADES
Meninas prendadas